Também tive aventura

E não é que 6ª feira acabei a noite a ajudar alguém.
Findo o jantar, convidam-me para ir tomar café, não queria ir, estava cansada, mas acabei por aceder.
Ao chegar ao café (Castro de S. Paio), deparamos ( JT e Miguel) com o cenário habitual, apenas uma rapariga de ar perdido e tremula, envolta numa toalha…
Tomamos o café e mais uns minutos resolvemos voltar para casa, mas que ao vermos a rapariga tão perdida, meti conversa com ela…
“- Precisas de ajuda? Como te chamas? Eu sou a Joana. Que se passa?”
“- Estou perdida! Não sei onde estou! Chamo-me Patrícia. Quero ir para o meu carro.”
“ - Ok, nós ajudamos-te… confia em nós. Estás a vontade. Onde tens o carro?”
“ - Não sei!”
“ - Não sabes?!?! Tas aqui há muito tempo? Que idade tens? Onde moras?”
“ - Deixei o carro numa marginal. Comecei a andar a pé por volta das 13:00. Tenho 33 anos. Sou de Gondomar, Fanzeres.”
“ - Desde as 13:00? Já comeste algo? Já avisas-te alguém? Numa marginal, onde? Perto do mar?”
“ - Tenho tudo no carro. Não tenho fome. Só quero ir embora, já andei bastante mas agora não sou capaz, tenho medo.”
“ - Não queres mesmo comer nada? Ok, eu e o Miguel, vamos levar-te ao teu carro está descansada. Não tenhas medo. Só te queremos ajudar! Vamos.”
Eram 22.40 quando iniciamos a busca…
Lá fomos falando com ela, tinha problemas, não de saúde (aparentemente), os problemas eram passionais, e sempre indo pela estrada junto ao mar…
O carro estava em frente á Petrogal.
“- Agora vais ao teu carro, ligas pra tua família, marido, e diz-lhe que estas bem, que foste encontrada, e que entretanto regressas a casa.”
Ela saiu e ligou, para quem lhe interessava…
Voltou á minha carrinha, falou mais um pouco, eu ouvia, e tentava dar a minha opinião baseada no que ela relatava…
Chega um carro, 2 indivíduos lá dentro, mas deduzi que fossem conhecidos dela…. Ela saiu do carro após alguns minutos de conversa com um dos fulanos, desmaia…
Aí assustei-me… vamos é para o hospital, mas passados 2 ou 3 minutos acordou!
Lá voltou á conversa, ofereci-me pra a levar a casa… concordou. Lá fui ate Fanzeres.
Escusado será dizer que a família estava bastante preocupada, ela estava desaparecida desde o meio-dia. Quiseram agradecer, mas ainda duvidaram que fosse amiga do fulano com quem andava enrolada…
Disse que não era, não mencionei que o fulano foi ter connosco á Petrogal. Apenas disse que queria que tudo se resolvesse a bem, para terem em atenção a miúda de 8 anos, e que pedir ajudar não era vergonha nenhuma. Não deixem contacto nenhum, pois não quero confusões. Apenas quis ajudar alguém a retomar o seu caminho e a enfrentar os problemas, afinal tudo se resolve.
O que a Patrícia relatou na carrinha lá ficou, algumas coisas eram muito más, mas como não sei se foram ou não verdade, faço de conta que nunca ouvi e perante a família não tinha conhecimento de nada.
Voltei costas a Fanzeres e uma dor de cabeça súbita me assolou. Quero a minha cama, já eram 01:30… Preciso descansar, mas estou de consciência tranquila, sei que ajudei alguém, cumpri a minha missão!
Deitei-me as 02.15.